Olho seco

O olho seco caracteriza-se por uma alteração na qualidade ou na quantidade da lágrima, fluido fundamental que lubrifica, protege, oxigena e limpa o epitélio corneano (camada de células mais superficiais que recobre a córnea) e a conjuntiva (membrana que reveste a parte branca do globo ocular), além de manter a transparência da córnea, principal lente do olho, essencial para a boa visão.

Os sintomas mais importantes de olho seco são: olhos avermelhados, sensação de corpo estranho ou de areia nos olhos, ardor, coceira, queimação e lacrimejamento.

Trata-se de uma doença comum que pode manifestar-se em homens e mulheres de qualquer idade. É mais frequente, porém, na população feminina a partir do início da menopausa. Em geral, ocorre nos dois olhos ao mesmo tempo. Estima-se que os portadores sejam 7 milhões no Brasil.

Há dois tipos de olho seco, o primário, conhecido como olho seco por deficiência aquosa (mais severo) e o secundário, conhecido como olho seco evaporativo (mais comum).

No olho seco primário existe uma diminuição na quantidade da lágrima, que resulta de doenças sistêmicas do próprio portador, entre as quais se destacam: malformações ou disfunções das glândulas lacrimais e a mais importante, a síndrome de Jögren, além de outras doenças reumatológicas, como por exemplo a artrite reumatoide.

Este quadro também pode resultar de fatores externos, como uso de alguns medicamentos, entre eles os de uso psiquiátrico, antialérgicos e pílulas anticoncepcionais.

Esta forma de apresentação pode resultar de processo inflamatórios que causam  deficiência das glândulas palpebrais que produzem muco e lipídeos, que constituem a lágrima, fazendo com que a mesma deixe de ser estável.

Além disso, fatores climáticos interferem em seu aparecimento, como a baixa umidade em regiões mais secas, ambientes com ar condicionado, exposição ao vento e, um dos mais frequentes, o uso excessivo do computador. Outra condição comum é o uso de lentes de contato, devido ao aumento na evaporação da lágrima.

Olho seco, vale destacar, incomoda muito. Nos casos mais severos, obriga o portador a diminuir ou interromper o uso de computador e/ou de leitura, dificulta a condução de veículos, interfere na qualidade do sono, na capacidade visual por conta de alterações crônicas na córnea, e até na qualidade de vida. Por ser uma condição comum, há uma entidade que congrega os seus portadores, a Associação Brasileira de Portadores de Olho Seco (Apos), com sede em São Paulo.

Olho seco, infelizmente, ainda não tem cura, mas pode ser controlado, dando ao portador melhor qualidade de vida. Existem várias formas de tratamento, que podem ser usadas isoladas ou associadas, de acordo com as características e as respostas dos pacientes. A maioria deles, felizmente, apresenta as formas mais simples da doença e consegue viver bem apenas com o uso de lubrificantes oculares. Uma outra alternativa é o uso  de comprimidos de ômega 3 para melhorar o processo  inflamatório e diminuir os sintomas.

Como o olho seco é uma condição frequente, caso apareçam alguns dos sintomas citados, procure seu oftalmologista para receber o tratamento e a orientação adequada.

 

Matéria originalmente publicada na Revista Caras – Saúde 1004.

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